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O Fim Das Copys Que Falam Que Alguma Coisa Está No Fim

Quando eu pensei que esse assunto já estava resolvido, saturado e superado, eis que 2 grandes players do mercado digital resolveram me surpreender.

E eu descobri a contragosto que, em pleno 2023, ainda tem gente utilizando a copy do “Fim de alguma coisa” para fazer um lançamento digital e chamar atenção em cima disso.

Se você não tem ideia do que eu estou falando, deixa eu explicar:

Recentemente (escrevo em maio de 2023), um grande player do mercado digital fez um lançamento com o tema “O Fim Da Co-Produção”.

Isso porque, segundo ele, a profissão co-produtor vai acabar, e, no lugar dela, vai surgir uma outra coisa.

Tá… Fiquei meio decepcionado, já que é um grande copywriter… Fiquei aquele sentimento de que já vi isso antes várias vezes… Mas tudo bem.

Agora, curioso mesmo, é que, praticamente ao mesmo tempo, num outro perfil de Instagram logo ali, um outro grande player, fazia um lançamento com uma tema bem parecido… Chamado “O Fim Do Conteúdo”.

Segundo ele, graças à Inteligência Artificial, o conteúdo vai acabar, e, no lugar dele, também vai surgir uma outra coisa.

Não é que um plagiou o outro. O ponto não é esse. E a questão aqui nem é plágio.

E sim, que ambos reciclaram, pela enésima vez no mercado digital, essa tática de bater na tecla do fim de alguma coisa pra dizer que algo novo (e que eles vendem), está por vir. 

A real é que essa estratégia de gerar pânico dizendo que algo tá pra acabar não nasceu ontem, muito menos nasceu dentro do copywriting.

Lembro uma vez, quando eu era pequeno, que eu fiquei morrendo de medo porque vi na TV um documentário do Nostradamus dizendo que o mundo ia acabar antes dos anos 2000.

Imagem de Nostradamus. Fonte da imagem.

Eu fiquei desesperado, fui acordar meu pai pra saber se aquilo era verdade mesmo.

Meu pai riu da minha cara e disse: “Pare de perder tempo com besteira, filho, vai dormir…”

Ele estava certo, o mundo não acabou, e eu fiquei preocupado à toa.

Os anos foram passando, outros astrólogos, numerólogos, ou seja lá o que for, também faziam previsões mirabolantes sobre os fins dos tempos…

Filme 2012 que retrata eventos catastróficos que ameaçam destruir o planeta, confirmando uma antiga profecia maia. Fonte da imagem.

Mas a cada ameaça dessas, eu ficava menos e menos preocupado, até que chegou o momento em que só achava isso bobo, sem graça e idiota… Por um motivo simples: eu já não acreditava mais que aquilo era verdade. 

Fazendo um paralelo com a nossa bolha do mercado digital, dá pra dizer que a mesma coisa JÁ aconteceu por aqui. 

Nos últimos anos, nosso mercado foi inundado por copys que falam do fim de alguma coisa, de algum mercado, de alguma profissão…

E o que está por trás dessa narrativa?

Simples: chamar atenção das pessoas gerando medo nelas.

Para que, a partir do medo, elas tomem uma atitude.

Lembro de copys que ficaram famosas como a “The end of America”, publicada nos Estados Unidos, que gerou uma adaptação brasileira tão bem sucedida quanto, “O Fim do Brasil”.

Copy publicada nos EUA que ficou famosa e teve uma versão brasileira: o fim do Brasil. Fonte da imagem.

Nos dois casos, a ideia era a mesma: pintar um cenário catastrófico de país, onde tudo ia dar errado, para dizer que quem quisesse uma salvação, deveria seguir as recomendações de investimentos deles.

Nada contra, foram ótimas copys, com ótimos resultados.

O problema foi quando a mesma ideia começou a se repetir em excesso, e perder a graça, como aconteceu ao longo dos últimos anos no mercado digital.

Depois de o fim do Brasil, eu consigo lembrar de cabeça pelo menos 5 lançamentos que usavam essa estratégia:

O fim do tráfego pago, o fim do social media, o fim do design, o fim do copywriting, o fim dos lançamentos (reparem, alguém fez um lançamento pra dizer que os lançamentos iam acabar).

E claro, a narrativa é sempre a mesma: botar pânico na galera ao dizer que a profissão vai acabar, para, durante o lançamento, dizer: “Veja bem, não é que vai acabar, é que vai ser diferente, e se você não quiser ficar pra trás, compre meu curso”

Com todo o respeito, fica um negócio cansativo.

Ainda mais quando estes lançamentos são sempre para um público muito parecido.

A grande maioria dos possíveis espectadores já está no mercado digital, já participou ou pelo menos ficou sabendo de todos os outros lançamentos que falavam que alguma ia acabar… E no fim, NADA ACABOU.

Foi por isso que fiquei tão surpreso quando, já em meados de 2023, 2 grandes players resolveram DE NOVO bater nessa tecla.

Não só eu, mas muitas pessoas do mercado, inclusive a turma que está lá na plateia como potencial compradora dos produtos, também levantou a mão pra dizer: “Pera, já vi isso aí antes…”

O que aumenta a sensação de que esta é sim uma tática batida de copy. 

Tá certo que, como dizem os ditados, “não existe publicidade ruim”, e “falem mal, mas falem de mim”

No fim das contas, mesmo este tema batido de lançamento cumpriu seu papel. 

Chamou atenção, gerou discussão, todo mundo falou a respeito, pessoas se inscreveram nos lançamentos por causa disso.

Mas claro, não podemos esquecer que eram 2 grandes players lançando, que já contam com grandes audiências, e que, arrisco dizer, qualquer tema que colocassem ali, geraria repercussão e resultado.

Agora, se você não é um grande player, nem escreve copy para um, você não tem a liberdade poética de fazer este tipo de lançamento mais do mesmo. 

Sob o risco da sua copy soar para o público a mesma coisa que as previsões de fim de mundo soam para mim: bobinhas, sem graça e sem resultado. 

É por isso que decreto aqui, de forma definitiva O Fim Das Copys Que Falam Que Alguma Coisa Está No Fim. #contemironia

hcadmin

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